2007/03/02

A Mensagem Visual

As imagens estão em todo o lado, além das imagens acompanhadas de som e movimento do cinema e da tv…

Pondo de parte as imagens móveis do cinema e da televisão, as imagens podem aparecer sob forma de cartazes de rua, as fotografias dos jornais as fotografias dos amadores, as fotografias de profissionais, as identidades que pretendem uma identificação entre o ser e sua imagem, os diapositivos que projectamos em casa perante um grupo de amigos — recordações de viagens, fixações da cor de um tempo passado. Em última instância são imagens artísticas em sentido restrito, as que se vêem nos museus (imagens célebres) ou nas galerias (imagens novas) ou finalmente nos postais e revistas de arte que se editam para nos proporcionar um prazer estético através da cópia. No limite considerar-se-á a escultura como uma imagem em três dimensões e passará a fazer parte de nossa classificação, mas a título estatisticamente descuidado.
Abraham Moles



A imagem, através do seu formato, do espaço, da cor e da figura, cobre, sem dúvida, todas as facetas do nosso dia-a-dia!

Como refere Martine Joly (2007:9) Somos consumidores de imagens, daí a necessidade de compreendermos a maneira como a imagem comunica e transmite as suas mensagens.
Assim sendo, a mensagem visual é um processo comunicativo composto por signos visuais, plásticos e icónicos, mas também por signos linguísticos e do tipo de interacção entre eles, seja através de relações de:


* congruência – harmonia entre os signos no sentido da significação;
* oposição – extensão da significação;

* predominância – superioridade e/ou influência de um dos signos sobre o outro.



A capa de uma revista ou a indumentária de um cantor contêm informação icónica (mensagens sociais) esclarecedoras sobre o carácter das mensagens que nos pretendem transmitir.














A profusão de imagens, nos mais diversos textos, abriu um leque diversificado para transformações do discurso, colocando em relevo a linguagem visual. A aplicação da modalidade visual na escrita tem provocado efeitos nas características e formas dos textos, evidenciando os textos multimodais, ou seja, aqueles que evidenciam duas ou mais modalidades semióticas em sua composição, como por exemplo, a imagem ao lado — palavras e imagens.

Palavra e imagem, é como cadeira e mesa: para estar à mesa, são necessárias as duas, pois elas completam-se, uma vez que têm necessidade uma da outra para funcionarem e serem eficazes, apesar de existirem ambas, de forma independente .

A mensagem visual, pode ser lida e interpretada de acordo com a época e com as experiências sociais e culturais que cada um tem.

Atribui-se à mensagem visual a conotação de polissemia devido às várias análises e interpretações que a mesma poderá causar, sendo preocupante quando existe uma leitura incorrecta e uma diversidade de interpretações.

Com a introdução de palavras ou signos linguísticos na mensagem visual, reduzirá a referida polissemia e funcionará como mecanismo de ancoragem e de complementaridade à mesma.

Sem qualquer dúvida, que o idioma da imagem possui a sua gramática, uma gramática em que as palavras são imagens e as frases, planos.

Para Gunther Kress e Theo van Leeuwen (1996), criadores da Gramática de Representações Visuais, a noção de multimodalidade são as várias formas de representação que compõem uma mensagem, desenvolvidas numa teoria de comunicação semiótica a Semiótica Social.

Estes investigadores, afirmam que a noção-chave é o fazer-signo, como o acto de se criar novos signos, num processo de significação dos participantes (emissor e receptor) e a natureza das relações entre eles, ou seja, num circuito comunicacional.

Roland Barthes (1915-1980) continua sendo, o nome mais conhecido da Semiologia de origem francesa, como o crítico que pela primeira vez aplicou o método estruturalista à análise do conteúdo fotográfico.

Utilizou a análise semiótica na interpretação de imagens em propagandas/anúncios publicitários e revistas, destacando o seu conteúdo político (Marxismo).

Dividiu o processo de significação em:

*denotativo – relacionado com a percepção simples e superficial;
*conotativo – organizado por um sistema de códigos simbólicos (mitologias) e culturais.

Através da união destes dois fenómenos é então possível estreitar um caminho para a comunicação, seleccionando e rejeitando signos para a elaboração de uma mensagem que se pretende clara e concisa.


Estas perspectivas têm grande relevância se aplicadas ao Ensino.
Nós, professores, enquanto produtores ou divulgadores de imagens temos um papel importante e decisor no tipo de mensagens que passamos dentro de sala de aula. Quantas vezes um livro não mostra imagens que acabam por nada acrescentar à mensagem escrita?


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Bibliografia

Joly, Martine, (2007), Introdução à análise da imagem, Lisboa, Edições 70.
Pereira, Alda, Gramática da mensagem visual, Lisboa, Lisboa, Universidade Aberta

http://www.candocareersolutions.ca/publication/0553.pdf
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=11&id=77

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