2007/03/22

Repesentações Visuais e Cognição








É evidente que cada um de nós imagina com maior facilidade e clareza como é um rinoceronte se já viu algum, mesmo que tenha sido só uma vez ou se pelo menos viu a sua imagem. Quando nos faltam os objectos, podemos servir-nos das imagens que os representam, isto é, de modelos ou de desenhos concebidos essencialmente para o ensino
Jean Amos Comenius


Para lidar com a enorme quantidade de informação com que é constantemente bombardeado, o cérebro humano recorre a modelos mentais, fazendo, para o efeito, uma triagem e simplificação da informação em padrões causais reconhecíveis. Assim, são estes os modelos que depois utiliza para enquadrar a nova informação que recebe e para determinar as suas reacções.

Deste modo, as nossas opções e acções dependem largamente daquilo que aprendemos, pelo que quanto mais ajustadas à realidade estiverem os nossos modelos mentais mais eficazes serão as nossas acções.


À luz do que foi referido, John Deely (1995:119) cita Maritain, relativamente ao Conhecimento, que para:

A intervenção de um signo sensível é necessária para a primeira activação da ideia (do entendimento) enquanto distinta das imagens (ideias no sentido de imagem perceptuais e sensoriais). No desenvolvimento de uma criança, normalmente é necessário que a ideia seja interpretada pelos sentidos e seja vivenciada antes de nascer como uma ideia; é necessário que a relação de significação seja, primeiro, activamente exercitada num gesto, num grito, num signo sensorial ligado ao desejo que vai ser expresso. O conhecimento desta relação de significação virá mais tarde e consistirá em ter a ideia (ou entendimento), mesmo que seja meramente implícito, daquilo que é significado. Os animais e as crianças fazem uso desta significação; mas não a percebem. Quando a criança começa a percebê-la, — então a criança explora-a, brinca com ela, mesmo na ausência da necessidade real à qual ela corresponde — nesse momento a ideia emergiu.



O conhecimento começa com a duplicação mimética do real e desenvolve-se a través de uma hierarquia de representações icónicas, indo as imagens desde um nível de base até aos modelos mentais, não deixando de ser icónicos, mas cada vez mais abstractos.



O nosso cérebro é um sistema aberto, de grande maleabilidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são delineados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.


O Homem possui, como uma das suas características primordiais, a capacidade de abstracção, a construção de significados, através da operação e manipulação com signos ou entidades representativas, através da experiência/vivência do mundo que o rodeia.

Assim sendo, entende-se que os signos evoluem com a maturidade cognitiva do ser humano porque a percepção de uma criança é diferente de um adulto, devido ao aumento qualitativo das experiências ao longo do percurso da maturidade cognitiva.

Piaget, Vygotsky e outros estudiosos da cognição humana referem que os comportamentos humanos têm raízes biológicas profundas. Há estudos que resultaram em descobertas sobre a codificação cerebral de imagens visuais, de mensagens informativas, sobre o funcionamento distinto dos hemisférios cerebrais e sua co-responsabilidade nos regulamentos dos processos cognitivos e da conduta associativa.

Jean Piaget (1896-1980) que foi um dos investigadores mais importantes do séc. XX na área da psicologia do desenvolvimento, acreditava que o que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstracto. O desenvolvimento cognitivo consiste em adaptações às novas observações e experiências: Assimilação (novas informações para embeber nos esquemas já existentes e Acomodação (mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de pensar).

Lev Vygotsky (1986-1983) desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. Destaca as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da criança, nomeadamente:
*O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social;
*A cultura afecta a forma como se pensa e o que se pensa;
*Cada cultura tem o seu próprio impacto;
*O conhecimento depende da experiência social.
Desta forma, a Semiótica Cognitiva vaticinada por Jean-Pierre Meunier
diz que esta explora a complexidade das relações entre:
*as representações mentais e as operações de inferência efectuadas sobre essas representações;
*os sistemas semióticos e as tecnologias que lhe servem de suporte;
*os diferentes tipos de mediação social.
Então, o sistema cognitivo humano é distinguido pelo tratamento de informações simbólicas.
Isso significa que as pessoas elaboram e trabalham sobre a realidade através de modelos mentais ou representações que organizam a partir de uma realidade, variam de pessoa para pessoa de acordo com as suas experiências e evoluem em função da sua aprendizagem.

Para Johnson-Laird os seres humanos não raciocinam como a lógica clássica e/ou mental, mas sim com a construção e utilização de modelos mentais para raciocinar. Tais modelos são representações analógicas, mais ou menos abstraídas, de concepções, de acontecimentos e de objectos.

Laird faz a distinção entre modelos mentais físicos, que representam o mundo físico e os modelos mentais conceptuais/proposições, que representam de significados e/ou objectos completamente abstractos.


Ver uma imagem é investir um olhar, mas os olhares são construídos culturalmente. Cada olhar esconde um ser, um modo de estar, modos de pensar

José Carlos Abrantes


Mas os poemas também são imagens….

ENIGMA
Numa casa velha, um ruído de nada
enche o quarto de sombras, mesmo quando
a casa está à escuras. Empurra-se a porta,
à procura de qualquer coisa, e as madeiras
velhas, a pintura desfeita com os anos,
os buracos por tapar, só dizem o silêncio.
Resta, a quem quer saber de onde vêm
os ruídos que enchem o nada de uma casa
velha, sentar-se num banco esquecido, olhar
para o tecto, e esperar que os minutos passem,
como se fossem horas. Por vezes, pode ser
que o vento sopre através de uma telha,
fazendo ouvir o ruído do céu; de outras
vezes, um movimento atrai o olhar: e
uma osga desaparece num canto, como
se já não precisasse de ninguém.
E quando se sai da casa velha, sem
saber de onde vem o ruído de nada, o
que se leva na cabeça é o ruído de nada,
que vem de dentro da própria cabeça, como
se uma casa velha se alimentasse dos ruídos
que cada um leva consigo, quando entra num
quarto vazio, e se senta num banco esquecido,
à espera de saber de onde vem o ruído
desse nada que cada um leva consigo,
ao entrar sozinho numa casa abandonada.
Nuno Júdice


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Bibliografia:
Deely, J. (1995) Introdução à Semiótica: história e doutrina, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
Meunier, J.P. (1999) Connaître par l’image-Recherches en communication, 10

Consultas:
http://www.bocc.ubi.pt/ (Breves contributos para uma ecologia da imagem de José Carlos Abrantes)
http://www.comu.ucl.ac.be/grems/jpweb/rec10/connaitre.htm
http://ubista.ubi.pt/~sopcom/plen23.html (Semiótica Cognitiva por Jean-Pierre Meunier)

2007/03/02

A Mensagem Visual

As imagens estão em todo o lado, além das imagens acompanhadas de som e movimento do cinema e da tv…

Pondo de parte as imagens móveis do cinema e da televisão, as imagens podem aparecer sob forma de cartazes de rua, as fotografias dos jornais as fotografias dos amadores, as fotografias de profissionais, as identidades que pretendem uma identificação entre o ser e sua imagem, os diapositivos que projectamos em casa perante um grupo de amigos — recordações de viagens, fixações da cor de um tempo passado. Em última instância são imagens artísticas em sentido restrito, as que se vêem nos museus (imagens célebres) ou nas galerias (imagens novas) ou finalmente nos postais e revistas de arte que se editam para nos proporcionar um prazer estético através da cópia. No limite considerar-se-á a escultura como uma imagem em três dimensões e passará a fazer parte de nossa classificação, mas a título estatisticamente descuidado.
Abraham Moles



A imagem, através do seu formato, do espaço, da cor e da figura, cobre, sem dúvida, todas as facetas do nosso dia-a-dia!

Como refere Martine Joly (2007:9) Somos consumidores de imagens, daí a necessidade de compreendermos a maneira como a imagem comunica e transmite as suas mensagens.
Assim sendo, a mensagem visual é um processo comunicativo composto por signos visuais, plásticos e icónicos, mas também por signos linguísticos e do tipo de interacção entre eles, seja através de relações de:


* congruência – harmonia entre os signos no sentido da significação;
* oposição – extensão da significação;

* predominância – superioridade e/ou influência de um dos signos sobre o outro.



A capa de uma revista ou a indumentária de um cantor contêm informação icónica (mensagens sociais) esclarecedoras sobre o carácter das mensagens que nos pretendem transmitir.














A profusão de imagens, nos mais diversos textos, abriu um leque diversificado para transformações do discurso, colocando em relevo a linguagem visual. A aplicação da modalidade visual na escrita tem provocado efeitos nas características e formas dos textos, evidenciando os textos multimodais, ou seja, aqueles que evidenciam duas ou mais modalidades semióticas em sua composição, como por exemplo, a imagem ao lado — palavras e imagens.

Palavra e imagem, é como cadeira e mesa: para estar à mesa, são necessárias as duas, pois elas completam-se, uma vez que têm necessidade uma da outra para funcionarem e serem eficazes, apesar de existirem ambas, de forma independente .

A mensagem visual, pode ser lida e interpretada de acordo com a época e com as experiências sociais e culturais que cada um tem.

Atribui-se à mensagem visual a conotação de polissemia devido às várias análises e interpretações que a mesma poderá causar, sendo preocupante quando existe uma leitura incorrecta e uma diversidade de interpretações.

Com a introdução de palavras ou signos linguísticos na mensagem visual, reduzirá a referida polissemia e funcionará como mecanismo de ancoragem e de complementaridade à mesma.

Sem qualquer dúvida, que o idioma da imagem possui a sua gramática, uma gramática em que as palavras são imagens e as frases, planos.

Para Gunther Kress e Theo van Leeuwen (1996), criadores da Gramática de Representações Visuais, a noção de multimodalidade são as várias formas de representação que compõem uma mensagem, desenvolvidas numa teoria de comunicação semiótica a Semiótica Social.

Estes investigadores, afirmam que a noção-chave é o fazer-signo, como o acto de se criar novos signos, num processo de significação dos participantes (emissor e receptor) e a natureza das relações entre eles, ou seja, num circuito comunicacional.

Roland Barthes (1915-1980) continua sendo, o nome mais conhecido da Semiologia de origem francesa, como o crítico que pela primeira vez aplicou o método estruturalista à análise do conteúdo fotográfico.

Utilizou a análise semiótica na interpretação de imagens em propagandas/anúncios publicitários e revistas, destacando o seu conteúdo político (Marxismo).

Dividiu o processo de significação em:

*denotativo – relacionado com a percepção simples e superficial;
*conotativo – organizado por um sistema de códigos simbólicos (mitologias) e culturais.

Através da união destes dois fenómenos é então possível estreitar um caminho para a comunicação, seleccionando e rejeitando signos para a elaboração de uma mensagem que se pretende clara e concisa.


Estas perspectivas têm grande relevância se aplicadas ao Ensino.
Nós, professores, enquanto produtores ou divulgadores de imagens temos um papel importante e decisor no tipo de mensagens que passamos dentro de sala de aula. Quantas vezes um livro não mostra imagens que acabam por nada acrescentar à mensagem escrita?


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Bibliografia

Joly, Martine, (2007), Introdução à análise da imagem, Lisboa, Edições 70.
Pereira, Alda, Gramática da mensagem visual, Lisboa, Lisboa, Universidade Aberta

http://www.candocareersolutions.ca/publication/0553.pdf
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=11&id=77

2007/02/21

Signo Visual: O Grupo Mu

Toda a paisagem não está em parte nenhuma

Fernando Pessoa

Na segunda metade da década de setenta, um grupo de investigadores dinamizou novamente as questões relacionadas com a Semiótica.

Para a percepção das questões ligadas à expressão dos signos, é necessário recorrer à percepção e cruzamento de informação que nos é dada pela relação: cor, forma e textura, não esquecendo, porém, a cultura e as vivências de quem tenta percepcionar um signo, pois são também elementos fundamentais na sua relação com o objecto.

Este Grupo de investigadores faz a distinção entre signo plástico (expressão) e o signo icónico (conteúdo).


Relativamente ao primeiro signo – plástico=expressão - é a correspondência que se adquire ao nível visual de uma imagem, permitindo deste modo a sua compreensão/leitura como de uma mensagem se tratasse.


Todavia, estes investigadores, referem que são necessários reunir vários factores, por forma a reconhecer e analisar com exactidão este tipo de signo.

Quanto à estrutura interna ao signo plástico, o Grupo Mu recorre à tríade:

» Substância

» Forma

» Matéria


Para uma análise correcta e, sobretudo, coerente sobre este signo, que não é fácil a sua distinção, deverá ser muito bem conjugada com os seguintes factores:


* Cores/Tonalidades/Contrastes


* Formas (círculos, triângulos, quadrados…) e, também pontos, linhas, superfícies, entre outras.










*Composições/Espaço

>dimensão (grande/pequeno)

>posição (acima/abaixo, esquerda/direita) e a

>orientação (para cima/para baixo, longe/perto)























>Texturas (liso/áspero, grosso/fino, entrelaçado, entre outros)




Relativamente ao signo icónico, o Groupe µ (1993), defendeu que o mesmo é resultante da relação triádica - significante, tipo e referente - desenvolvendo-se relações binárias nos dois sentidos (p.121).

Entende-se por:

Referente – é um designatum actualizado, é o objecto como membro de uma classe, tem características físicas, resultante de uma soma organizada de estímulos, pode ser ou não real (ibid p.121);

Significante – é o conjunto modelizado de estímulos visuais coorespondendo a um tipo estável, identificado graças a traços do significante e que pode ser associado a um referente reconhecido como hipótese do tipo; tem com o referente relações de transformação (ibid p. 122);

Tipo – é um modelo interiorizado e estabilizado que confrontado com o produto da percepção, está na base do cognitivo. É a relação global entre a igualdade/semelhança entre o referente e o significante.

As transformações são operações que tratam de de um leque de propriedades espaciais atribuídas ao Referente

A recepção de signos icónicos, identifica um estímulo visual como procedendo de um referente que lhe corresponde através de transformações adequadas, nomeadamente formas, linhas e cores.

Ao vaguear pela imagem, o olhar vai estabelecendo relações entre os diferentes elementos que a compõem, através de uma leitura circular, onde cada signo influencia o significado do outro.

Assim sendo e relembrando o início do Tratado del Signo Visual (IV capítulo), outros investigadores estudaram esta ciência – Semiótica - concretamente pelo signo atrás referenciado – signo icónico:

* Peirce, liga o signo ao pensamento filosófico. Tem uma tripla relação - primeiridade, secundidade e terceiridade. Classifica-o por três categorias – ícone, índice e símbolo.

* Morris, confere as mesmas propriedades que lhe é denotado, (objecto real existente), mediante alguns pontos de vista

* Ruesh e Klees, atribuem ao signo, um conjunto de símbolos que pelas suas proporções e relações, são semelhantes ao objecto, à ideia e ao acontecimento que representam

* Umberto Eco, refere que este signo constrói um modelo de relações- fenómenos gráficos – homólogo ao modelo de relações perceptiva , que se constroi ao conhecer e/ou recordar o objecto. É todo aquele que nos parece reproduzir algumas propriedades do objecto representado.

* Nelson Goodman, distingue a noção de iconicidade em duas relações distintas, ou seja, semelhante e representação. Estas relações tem propriedades lógicas diferenciadas.

Em suma, como Jeanne Martinet (1974:68) diz, o signo icónico não indica, mas apresenta; não relata, mas participa; não nomeia, mas revela.

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Bibliografia

GROUPE U (1993) Tratado del Signo Visual, Madrid: Cátedra
Martinet, Jeanne (1974) Chaves para a Semiologia, Lisboa: Publicações D. Quixote

2007/02/20

Semiótica das Representações Visuais

Reflexão sobre o Signo segundo Charles Peirce


Charles Sanders Peirce, filho de um professor de matemática, nasceu em 1839 em Cambridge no Estado Americano de Massachussets e recebeu formação na Universidade de Havard.


Durante 30 anos esteve ligado à United States Coast Survey, trabalhou em actividades do campo geodésico e astronómico e foi professor de lógica na Universidade de Johns Hopkins. Estudioso da obra de Kant e Hegel e admirador da filosofia de John Scotus, foi autor de várias contribuições nas áreas da astronomia, lógica e da matemática.

Faleceu no ano de 1914 em Milford, na Pensilvânia.

Peirce é considerado, pela maior parte dos historiadores da filosofia, como o mais original pensador da América do Norte, causando profundas influências em alguns pensadores da época, entre eles John Dawey, Josiah Royce e Wiliam James. Com Wiliam James, Peirce foi um dos fundadores do Pragmatismo - o mundo é o resultado da relação entre fenómenos, todas e quaisquer explicações se devem procurar e encontrar no uso da experiência.

Mas, sobretudo, Charles Peirce foi um dos fundadores da Semiótica, ou melhor, é considerado o criador moderno da Semiótica, tal e qual como hoje a conhecemos. Foi contemporâneo do linguísta suíço Ferdinand Saussure.


A Semiótica é a ciência que tem como fim o estudo de todas as linguagens possíveis e a integração dessas com o homem e o seu meio envolvente.


Para Peirce, tudo no mundo é signo, desde os seres humanos, aos objectos e às ideias.



Este filósofo classifica o Signo em três categorias "Modelo Triádico":
  • Primeiridade - a primeira impressão ao contacto com o signo, a experiencia imedita;

  • Secundidade -capacidade de distinguir, a reacção imediata;

  • Terceiridade - capacidade de organizar factos, o pensamento mediativo.

Peirce produziu três tipos de signo:

  • Ícone, o signo assemelha-se ao seu objecto, substitui-o. Exemplo de uma fotografia de alguém ou o desenho de uma árvore que representa a árvore real (desenhos figurativos), as imitações.

  • Índice, há uma ligação directa entre signo e objecto, a autenticidade. Exemplo: o fumo face ao fogo, o relógio que nos indica as horas, a baixa pressão no barómetro que indica a vinda de dias chuvosos, os talheres para restaurante.


  • Símbolo, não há relação ou semelhança entre signo e objecto, mas réplica ou materialização. É arbitrário. Um conceito diferente ao de Saussure. Exemplo: a Cruz Vermelha, os sinais de trânsito, as palavras e as frases.

Charles Peirce remete-nos para um leque vastissimo de interpretações, tudo dependente do que o interpretante possa por sua vez analisar e/ou interpretar levando por sua vez a outros signos e objectos.






Um signo é algo que representa algo para alguém a determinado respeito ou capacidade. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou, talvez mais desenvolvido. O signo que ele cria designo-o por interpretante do primeiro signo. O signo representa algo: o seu objecto (Fiske, 2005, 64)



Triade segundo o Signo de Peirce



De acordo com a Professora Alda Pereira, no seu artigo sobre Os Elementos Fundadores do Signo Visual (...) é consequência do processo aberto, criativo e ilimitado que é a Semiose (p. 17)



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Leituras e Consultas:

Fiske, John (1993) Introdução ao Estudo da Comunicação, Asa, Lisboa
Pereira, Alda, Os elementos fundadores do Signo Visual
Fonte de Imagens: http://images.google.pt

2007/01/29

Natureza da Imagem


A natureza da imagem é uma árvore...

Uma árvore que acompanha a humanidade desde o seu primeiro passo na terra, ou se preferirem, acompanha-a desde o seu primeiro indício neste planeta a que chamamos de Terra. Sendo possuidora de múltiplos ramos, deixa adivinhar sua polissemia de âmbitos inertes a esta natureza tão profundamente enraizada na psique humana.

Mas o que são as imagens que vemos?

Cientificamente, tudo o que vemos não passa de partículas de luz situadas numa gama do espectro electromagnético visível ao olho humano, situa-se entre os 400 e os 700 nanometros, que constitui a mil milionésima parte de um metro.

Esta luz ao ser captada pelos olhos é, posteriormente, enviada ao cérebro para ser interpretada. Apesar desta simbiose de luz/imagem talvez pareça uma questão que preocupe uma mente que vive no séc.: XXI.

Pois, desenganem-se, apesar no séc.: IV a.C., o rigor científico não se assemelhar de todo com aquele que hoje em dia conhecemos, já Platão redigiu na sua vigésima obra, de título “A República” …o homem só observa sombras que acredita formarem o verdadeiro mundo.

Esta observação é bastante curiosa admitindo que segundo a Óptica, os seres humanos só vislumbram 10% do espaço que os rodeia, admitindo também a presença de uma “força-mãe” que nos impede de ver os restantes 90%.

Isto indica-nos que esta questão já tem “barbas”…, simplesmente com o passar do tempo, esta teoria/resposta de Platão só mudou de uma frase simples para outra com dados percentuais e quantitativos afirmados por alguns ramos da ciência “generalista”.
Tendo em conta este ponto de vista, a esfera do termo “imagem” enquanto imagem visível ou meramente física/mundana ganha uma significância um tanto ao quanto bizarra, e faz-nos reflectir sobre algo tão simples como o mundo que nós vemos a partir de dois globos oculares.

2007/01/28

Natureza da Imagem (cont)

Um outro ramo desta imensa e antiga árvore é a imagem mental, criada pela imaginação, inerte ao ser humano, surge como uma dualidade entre a imagem do meramente físico e o espiritual, sendo que este último define na totalidade todo este halo envolto à imagem abstracta.
Embora separados por uma “barreira dimensional”,
estes dois domínios complementam-se um ao outro, é curioso observar que “os extremos tocam-se” e neste âmbito consolida em absoluto este dito da sabedoria popular. Tome-se, como exemplo, a seguinte imagem:
Apesar de tudo o que é fonte histórica do Antigo-Egipto provocar um grande e estranho fascínio à população mundial em geral, esta imagem em especial, particulariza o que pretendo transmitir sobre este domínio espiritual da imagem.

Ao observarmos, por uns breves segundos, a tez do “Faraó Menino” Tutankhamon, evidenciando um triângulo imaginário entre os olhos e as serpentes no topo da testa, dá-nos a sensação que a imagem tem uma espécie de “alma”, ou seja, dá a noção de continuidade, não se fica em absoluto pelo meramente físico, como o ouro ou os tons de azul ou até mesmo o material que constitui esta “máscara”, mas recolhe toda essa informação física e ao mesmo tempo reage com o nosso “eu interior”, ou seja toca-nos muito fundo.

Este género de interacção também acontece com a escrita. Não é preciso ir tão longe para explicar esta informação, simplesmente ao lermos um livro, na nossa mente decorre um filme (por assim dizer) do que estamos a ler. Eis outro tipo de imagem não palpável porém bastante válida e presente nas nossas mentes.

Todos nós quando viajamos e deparamo-nos com um céu cinzento, ao observarmo-lo atentamente consegue-se visualizar elementos gráficos a partir das nuvens, enquanto outros não possuem essa “sensibilidade”…

Acha uma fotografia uma imagem (fotográfica) segura? Fiável? ou um fragmento de realidade capturado por uma máquina? Basta uma simples pressão num botão para que um breve instante das nossas vidas fique registado sobre a forma de imagem, aquilo a que diariamente nós apelidamos de realidade…. as imagens não são mais do que uma imitação da realidade que está muito longe da verdade e do conhecimento, não podendo por isso inspirar nada de verdadeiro nem real.

Ícone, em Português deriva de um dos muitos legados linguísticos da Antiga Civilização Grega, a palavra eikon e tudo o que a envolve é um deles. Também famosa por: “arte dos sinais” a semiologia acredita que tudo, seja ideia, seja conceito se tratam de um sistema sígnico, ocupando-se portanto do estudo de tudo o que seja físico ou mental, entrelaçando estes numa rede de significações.

Neste âmbito, as duas maiores vertentes são: A espiritualidade/religiosidade e o censo-comum. Em termos de religiosidade, ao longo dos séculos e séculos de evolução, a humanidade atribuiu a entidades espirituais uma imagem (eikon) que ao depararmo-nos com essas imagens, sabemos de antemão que essa representa toda uma conjuntura de ideologias e teorias que concordamos ou não.

Por outro lado, a vertente do censo-comum neste âmbito é o de por exemplo ao avistarmos um eikon de uma cruz verde, automaticamente sabemos que se trata de uma farmácia...
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Leituras e consultas:
Amador, Filomena, Imagens, Cópias da realidade ou elementos construtores da realidade? Da história das imagens à História da Ciência
Wikipédia, http://www.wikipedia.org
Fontes de Imagens: http://images.google.pt
http://www.wikipedia.org