Repesentações Visuais e Cognição
Para lidar com a enorme quantidade de informação com que é constantemente bombardeado, o cérebro humano recorre a modelos mentais, fazendo, para o efeito, uma triagem e simplificação da informação em padrões causais reconhecíveis. Assim, são estes os modelos que depois utiliza para enquadrar a nova informação que recebe e para determinar as suas reacções.
Deste modo, as nossas opções e acções dependem largamente daquilo que aprendemos, pelo que quanto mais ajustadas à realidade estiverem os nossos modelos mentais mais eficazes serão as nossas acções.
À luz do que foi referido, John Deely (1995:119) cita Maritain, relativamente ao Conhecimento, que para:
A intervenção de um signo sensível é necessária para a primeira activação da ideia (do entendimento) enquanto distinta das imagens (ideias no sentido de imagem perceptuais e sensoriais). No desenvolvimento de uma criança, normalmente é necessário que a ideia seja interpretada pelos sentidos e seja vivenciada antes de nascer como uma ideia; é necessário que a relação de significação seja, primeiro, activamente exercitada num gesto, num grito, num signo sensorial ligado ao desejo que vai ser expresso. O conhecimento desta relação de significação virá mais tarde e consistirá em ter a ideia (ou entendimento), mesmo que seja meramente implícito, daquilo que é significado. Os animais e as crianças fazem uso desta significação; mas não a percebem. Quando a criança começa a percebê-la, — então a criança explora-a, brinca com ela, mesmo na ausência da necessidade real à qual ela corresponde — nesse momento a ideia emergiu.
O nosso cérebro é um sistema aberto, de grande maleabilidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são delineados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.
Assim sendo, entende-se que os signos evoluem com a maturidade cognitiva do ser humano porque a percepção de uma criança é diferente de um adulto, devido ao aumento qualitativo das experiências ao longo do percurso da maturidade cognitiva.
Piaget, Vygotsky e outros estudiosos da cognição humana referem que os comportamentos humanos têm raízes biológicas profundas. Há estudos que resultaram em descobertas sobre a codificação cerebral de imagens visuais, de mensagens informativas, sobre o funcionamento distinto dos hemisférios cerebrais e sua co-responsabilidade nos regulamentos dos processos cognitivos e da conduta associativa.
Jean Piaget (1896-1980) que foi um dos investigadores mais importantes do séc. XX na área da psicologia do desenvolvimento, acreditava que o que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstracto. O desenvolvimento cognitivo consiste em adaptações às novas observações e experiências: Assimilação (novas informações para embeber nos esquemas já existentes e Acomodação (mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de pensar).
Lev Vygotsky (1986-1983) desenvolveu a teoria socio-cultural do desenvolvimento cognitivo. Destaca as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da criança, nomeadamente:
*O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social;
*A cultura afecta a forma como se pensa e o que se pensa;
*Cada cultura tem o seu próprio impacto;
*O conhecimento depende da experiência social.
*as representações mentais e as operações de inferência efectuadas sobre essas representações;
*os sistemas semióticos e as tecnologias que lhe servem de suporte;
*os diferentes tipos de mediação social.
Laird faz a distinção entre modelos mentais físicos, que representam o mundo físico e os modelos mentais conceptuais/proposições, que representam de significados e/ou objectos completamente abstractos.
José Carlos Abrantes
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Bibliografia:
Deely, J. (1995) Introdução à Semiótica: história e doutrina, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
Meunier, J.P. (1999) Connaître par l’image-Recherches en communication, 10
Consultas:
http://www.bocc.ubi.pt/ (Breves contributos para uma ecologia da imagem de José Carlos Abrantes)
http://www.comu.ucl.ac.be/grems/jpweb/rec10/connaitre.htm
http://ubista.ubi.pt/~sopcom/plen23.html (Semiótica Cognitiva por Jean-Pierre Meunier)